Comunicado OPP - Guerra na Ucrânia

02-03-2022

A Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) emitiu o seguinte Comunicado acerca da Guerra na Ucrânia... 


A Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) está solidária com os ucranianos e repudia toda e qualquer acção que coloque em causa a democracia, os direitos humanos e a paz. A guerra afecta-nos a todos - pessoas, comunidades, países e Mundo. Gera medo, revolta, angústia, impotência, exclusão e iniquidades. A guerra destrói comunidades e famílias, quebra o desenvolvimento do tecido social e económico dos países. Provoca pobreza, migração forçada, violência e insegurança, a perda da liberdade e da dignidade.

A guerra tem um impacto psicológico, antes de mais, junto daqueles que são vítimas directas dos conflitos, mas o seu alcance é mais abrangente e significativo nas pessoas em situação de maior vulnerabilidade. A evidência científica demonstra uma diminuição do bem-estar e um aumento do sofrimento psicológico e de problemas de saúde psicológica e perturbações mentais (tais como a ansiedade, a depressão ou a perturbação de stresse pós-traumático), a curto, médio e a longo prazo.

Por tudo isto, e acompanhando a preocupação generalizada da população portuguesa com a situação, a OPP encontra-se, desde os primeiros momentos desta guerra, em contacto com os dirigentes da Associação Nacional de Psicologia da Ucrânia. Desde as primeiras comunicações tem-nos sido solicitado que continuemos, em Portugal e na Europa, a contribuir para a condenação desta guerra, que não deixemos esquecer o que os ucranianos estão a viver e que apoiemos as populações fortemente afectadas.
Nos últimos dias foram diversas as psicólogas e os psicólogos que junto da OPP ou junto da sociedade civil manifestaram a sua disponibilidade para um contributo a partir da sua prática. Saudamos esta disponibilidade ilustrativa de uma profissão assente numa visão humanista da pessoa, dos direitos humanos e da possibilidade da sua autodeterminação.
Também neste sentido, e considerando o papel que cremos cumprir enquanto associação pública profissional, já desde sábado passado mantemos contactos com o governo português, particularmente junto da Ministra da Saúde e do gabinete do Primeiro-Ministro. Advogámos pela mobilização e apoio ao desenvolvimento e à organização de respostas de apoio psicológico que consideramos essenciais ao momento que vivemos. Para este efeito, solicitámos o reforço da comunicação dos meios já existentes e do seu reforço, particularmente o Serviço de Aconselhamento Psicológico da linha telefónica do SNS 24. Apelámos e disponibilizámo-nos para a criação de uma resposta específica para as necessidades da população das regiões mais afectadas, quer vivam em Portugal ou tenham familiares e/ou amigos na zona de conflito, bem como para as portuguesas e os portugueses a viver na Ucrânia e que estejam a regressar a Portugal.
A OPP demonstrou também preocupação com as intervenções disponibilizadas à população refugiada, tendo disponibilizado o seu apoio no reforço complementar às instituições / entidades de acolhimento responsáveis pela integração e inclusão. Finalmente a OPP tem participado em iniciativas na comunicação social, tendo estabelecido uma parceria com a CNN Portugal para a publicação de artigos a propósito dos contributos da Psicologia para a compreensão da guerra e para a construção da paz.
A nível internacional, a OPP participou na tomada de posição da Global Psychological Alliance (onde 68 países estão representados) e no comunicado de apoio às e aos psicólogas/os ucranianos e a toda a população ucraniana. Também e, na sequência do comunicado da Direcção da Federação Europeia das Associações de Psicologia (EFPA), que a OPP não subscreve, a Ordem dos Psicólogos Portugueses solicitou com carácter de urgência uma reunião de presidentes das associações de Psicologia do espaço europeu, para discutir a situação que vivemos e um conjunto de medidas e acções a desenvolver pela EFPA.
Muito em breve, a OPP irá disponibilizar um conjunto de recursos de promoção da literacia sobre Saúde Psicológica e bem-estar, dirigidos à população (o primeiro dos quais abaixo listado), assim como reforçará, com caracter extraordinário, a oferta de formação profissional contínua a psicólogas e psicólogos. Produzirá ainda recomendações para a prática profissional e disponibilizará um conjunto de recursos e de oportunidades de discussão e trabalho conjunto que permitam apoiar na resposta a esta crise.
Como noutros momentos de crise, o país sabe que conta com psicólogos e psicólogas, empenhados e motivados para contribuir para a resposta aos problemas e desafios de todas as pessoas. Saibam, as psicólogas e os psicólogos, que contam com a OPP no apoio e suporte a esta resposta e uma voz na defesa, em Portugal e no Mundo, da utilização da ciência e da prática psicológica nos principais desafios societais, sejam a pobreza e exclusão, crises de saúde pública, a crise climática ou a paz.


28 de Fevereiro de 2022
Direcção da Ordem dos Psicólogos Portugueses


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